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[REVIEW] Mario Kart World acelera para o futuro, mas olha demais pelo retrovisor

  • Bianca Andrade
  • 7 de jun.
  • 5 min de leitura

O primeiro grande título do Switch 2 é uma explosão de criatividade e caos, redefinindo o que esperamos da série. Mas, ao ousar tanto, tropeça em alguns fundamentos que seu antecessor dominava com perfeição.

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Lançar um console é um ato de fé. Para a Nintendo, essa fé sempre foi depositada em um jogo-estandarte, um título tão icônico que se torna sinônimo da plataforma. Super Mario 64 não foi apenas um jogo para o Nintendo 64; ele foi o Nintendo 64. Wii Sports encapsulou a revolução do movimento do Wii. Agora, em 2025, o Nintendo Switch 2 chega ao mercado e a tocha é passada para Mario Kart World. A missão? Quase impossível: suceder Mario Kart 8 Deluxe, um colosso que, após anos de DLCs, se tornou a versão definitiva e mais completa da franquia.

Com a pressão nas alturas e uma nova política de preço de US$ 80 que gerou debates acalorados, Mario Kart World precisa ser mais do que bom; ele precisa ser um evento. E após dezenas de horas explorando seu vasto mundo e competindo em seus novos modos frenéticos, o veredito do GamerFront é que ele é, de fato, um evento. Um jogo que transborda o polimento, o carisma e a genialidade da Nintendo, mas que, em sua ânsia por inovar, deixa alguns fãs de longa data com um sentimento agridoce.

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O Fardo da Coroa e a Lição de Zelda


Vamos ser francos: que caminho a Nintendo poderia seguir após Mario Kart 8 Deluxe? Com quase 100 pistas e um elenco gigantesco, a fórmula do "mais do mesmo" havia atingido seu ápice. Qualquer tentativa de simplesmente adicionar mais copas e personagens seria vista como uma sequência incremental, não um salto de geração.


A solução encontrada pela equipe de desenvolvimento parece ter vindo diretamente do manual de Eiji Aonuma com The Legend of Zelda. Diante do mesmo dilema com a fórmula de Zelda, a resposta foi Breath of the Wild: uma desconstrução corajosa que redefiniu a série. Mario Kart World segue essa filosofia à risca. Ele não tenta ser um Mario Kart 9; ele tenta ser algo fundamentalmente novo, construído sobre dois pilares audaciosos: um modo de eliminação caótico e um mundo aberto que conecta tudo. Cada decisão de design, cada nova mecânica, orbita em torno dessas duas ideias.

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Knockout Tour: O Coração Pulsante do Jogo


Se você comprar Mario Kart World por apenas um motivo, que seja este. O modo Knockout Tour (localizado como "Eliminação") é a maior lufada de ar fresco que a franquia já sentiu. Trata-se de uma maratona brutal e eletrizante através de longas pistas divididas por setores. A cada checkpoint, os últimos quatro colocados são sumariamente eliminados da corrida.

A tensão é constante. Não basta ser rápido; é preciso ser consistente. Estar em primeiro lugar não garante nada se um casco azul te acerta a metros da bandeirada e te joga para o pelotão da morte.

A adrenalina de lutar para não ficar entre os últimos, sabendo que qualquer erro pode ser fatal, é viciante. As reviravoltas são dramáticas, por vezes injustas, mas sempre emocionantes. É o caos característico de Mario Kart elevado à enésima potência, culminando em uma corrida final entre os quatro sobreviventes que vale o pódio. É, sem rodeios, maravilhoso e a forma definitiva de se jogar Mario Kart World online ou com amigos.

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Um Mundo para Explorar, mas com Pouco para Descobrir


O que justifica o "World" no título é a sua segunda grande aposta: um mapa de mundo aberto gigantesco e totalmente explorável que conecta todas as pistas do jogo em uma paisagem coesa. A ideia é genial. Você pode dirigir livremente do deserto escaldante de Dry Dry Ruins até os picos nevados de Mount Wario, descobrindo atalhos e segredos.

Para navegar por este mundo, a Nintendo implementou novas mecânicas de movimento, como um pulo carregado para saltar sobre vãos, a habilidade de derrapar em paredes e até mesmo deslizar por corrimões e cabos, como em um jogo de skate. Essas mecânicas são divertidas e abrem o mapa verticalmente. O problema? O mapa, apesar de vasto e belo, é surpreendentemente vazio.

Fora encontrar a "entrada" das pistas para os modos de corrida e coletar algumas moedas ou itens cosméticos, há muito pouco a se fazer. Faltam minigames, NPCs com missões interessantes ou eventos dinâmicos que incentivem a exploração genuína. A sensação é de um playground estonteante, mas sem os brinquedos. É um conceito com um potencial imenso, mas que nesta primeira iteração parece mais uma prova de conceito do que uma parte integral e recompensadora da experiência.

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Grand Prix: Uma Tradição Deixada em Segundo Plano


Para os veteranos que cresceram dominando as copas do Grand Prix, há um choque inicial. O modo clássico ainda está aqui, com suas cilindradas (50cc, 100cc, 150cc e os modos desbloqueáveis), mas é evidente que ele não é mais a estrela do show. As copas agora são um misto de dois tipos de traçado: circuitos curtos e tradicionais de 3 voltas, que são a minoria; e as longas corridas de ponto a ponto, similares às do Knockout Tour, que se tornaram a regra.

Isso cria um ritmo irregular. Jogando sozinho contra a CPU, as longas e largas retas dessas pistas de "rally" podem se tornar um tanto monótonas, uma sensação que remete às críticas feitas a Mario Kart 64 em sua época. A ação fica muito diluída. Felizmente, cada copa é salva por sua quarta e última corrida, que geralmente é um clímax espetacular, uma celebração visual e sonora que homenageia não só a história de Mario Kart, mas de todo o universo Nintendo, com referências que aquecerão o coração dos fãs.

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Uma Trilha Sonora para a História


Se há um quesito em que Mario Kart World é absolutamente irretocável, é a sua música. A decisão de abandonar os sintetizadores e abraçar uma sonoridade de Big Band, com orquestras de jazz vibrantes, foi um acerto magistral. Cada faixa é um espetáculo. Temas clássicos são reimaginados com arranjos complexos e contagiantes de metais e percussão, enquanto as novas composições já nascem icônicas. É um trabalho primoroso, dinâmico e que eleva cada corrida. Ouso dizer que não é apenas um forte candidato, mas sim o dono do prêmio de melhor trilha sonora de 2025.


O Online que Ficou no Boxe


Para um jogo tão focado na competição, a infraestrutura online de Mario Kart World é seu maior ponto fraco. Juntar-se a amigos é um processo arcaico e frustrante. Não há um sistema de lobby ou de grupo (party). Você precisa esperar um amigo entrar em uma corrida e, então, navegar por um menu para "se juntar a ele", um processo lento e que nem sempre funciona. A ausência de uma forma simples de montar um esquadrão e entrar em partidas juntos é uma falha gritante que esperamos ver corrigida em uma atualização futura.

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Veredito Final do GamerFront


Mario Kart World é um jogo corajoso. Ele se recusa a ser uma sequência segura e opta por um caminho de inovação arriscado, com altos e baixos muito claros. Ele não atinge o nível de excelência e completude de Mario Kart 8 Deluxe, que foi lapidado por quase uma década.

No entanto, o que ele perde em refinamento, ganha em frescor e emoção. O Knockout Tour é uma das melhores e mais divertidas adições à série em anos, e a trilha sonora é uma obra-prima. As novas ideias, como o mundo aberto, ainda que não totalmente realizadas, apontam para um futuro brilhante e empolgante para a franquia.

Então, vale a pena? Para qualquer dono de um Nintendo Switch 2, a resposta é um sonoro "sim". A menos que você tenha uma aversão completa a jogos de corrida, Mario Kart World é uma compra essencial. Ele é a vitrine perfeita do poder do novo console, uma explosão de diversão que garantirá centenas de horas de risadas e rivalidades acirradas. Ele pode não ser o jogo de kart perfeito, mas é o sopro de novidade que a série precisava para acelerar rumo a uma nova geração. Let's-a go!


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